De um lado, Fernando Grostein Andrade, cineasta de olhar disruptivo. De outro, Fernando Siqueira, ator e cantor de mil faces representadas pelos seus inúmeros personagens, com desejo de expor a sensibilidade por meio da voz. Juntos formam a banda “FernandoS”. No novo projeto, Siqueira assume a liderança no palco, enquanto Fernando Grostein Andrade atua nos bastidores, cuidando da produção musical e compondo algumas das faixas.
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“FernandoS” apresenta “Necklace” (Entrelaços) projeto que engloba um filme musical experimental, rodado na Bahia, Rio de Janeiro, Califórnia e Utah, e um álbum duplo, ambos intitulados “Necklace” (Entrelaços). O projeto explora a relação entre música, natureza, traumas e saúde mental.
Agora, para aquecer o projeto, lançam o EP “FernandoS”, com quatro faixas inéditas e lançado pela Virgin Music. Todas as faixas são compostas por Fernando Siqueira e produzidas por Fernando Grostein Andrade.
Coisa Rara (Fernando Siqueira) foi uma daquelas músicas que saíram de mim de forma espontânea. Eu estava ao piano, e, de repente, a música já estava pronta. Eu escrevi essa canção quando tinha 23 anos, numa fase em que refletia muito sobre o tempo – aquela sensação de que, quando somos mais jovens, o tempo quase não passa, mas depois ele simplesmente dispara. A letra fala sobre os 13, quando parecia que a vida estava parada, e sobre os 23, quando percebi que o tempo não ia parar de correr. O outro Fernando, toda hora me fala que leu em algum lugar que um homem rico pode comprar um relógio, mas não pode comprar o tempo. Aos 26, a música continua fazendo sentido, mas de um jeito diferente. Pensei em regravá-la, mas decidi manter a versão original. Algo nessa escolha me fez sentir que, às vezes, é importante deixar o passado ser o que ele foi, sem tentar consertar ou modificar. De certa forma, aceitar isso é parte do crescimento.
10 Years From Now (Fernando Siqueira) foi composta de um jeito bem diferente, misturando inglês e português, como parte da minha mistura de identidades. Eu estava no Rio de Janeiro, com saudade de algumas coisas, e simplesmente peguei o violão e comecei a tocar. A música saiu assim, sem muita reflexão – assim acho que o racional não atrapalha. Era um daqueles momentos em que as palavras e melodias se alinham. Mais tarde, gravamos no meio de um manguezal na Bahia, em Canavieiras, a uma hora de voadeiras. O microfone não era adequado. Depois o Fê teve a ideia de usar inteligência artificial para separar os sons da natureza da minha voz, assim a gente pode usar a energia da natureza que estava ali, capturar o astral, o espírito. A gente gosta de usar tecnologia assim e não para criar. Essa separação me fez pensar sobre como, às vezes, é necessário distinguir o que está no fundo do que realmente importa, sabe? Conectividade humana no centro e não para nos oprimir. Assim como o som da natureza ao fundo, nossas emoções, às vezes, precisam de um espaço para serem ouvidas com mais clareza. No final, essa mistura de gravações ao ar livre e a tecnologia trouxe uma outra camada para a música.”
Califórnia. (Fernando Siqueira) já foi um processo mais introspectivo. Eu lembro que estava em Malibu, acompanhando o Fernando que nadava em mar aberto, e comecei a pensar na minha própria trajetória. Eu tinha me mudado para outro país, estava em um lugar incrível, mas me perguntei: “Será que estou realmente feliz?”. Parecia que não. Eu passei por uma situação complicada em Los Angeles, envolvendo gaslighting e manipulação emocional. Foi uma fase difícil. E quando voltei a revisar o que tinha anotado em Malibu, percebi que aquelas palavras capturavam perfeitamente o que eu estava vivendo. “Califórnia.” acabou sendo sobre deixar para trás os traumas e as pessoas que nos impedem de crescer. Reescrever o passado não é apagá-lo, mas é encontrar uma maneira de seguir em frente sem deixar que ele nos defina.
Califórnia. Remix (Fernando Siqueira) foi uma surpresa. A Marina Diniz ouviu a faixa original e quis fazer um remix. Claro que eu topei. Ela trouxe uma energia nova, uma leveza que transformou a música. O remix deu uma nova vida a “Califórnia.”, meio que mostrou como a gente pode reescrever emoções de um jeito diferente, sem apagar o que sentimos antes, mas reorganizando essas sensações. Ser feliz. Dançar com essas emoções, deixar que elas encontrem outro ritmo – foi exatamente isso que ela fez com o remix, e acho que isso reflete muito sobre como eu estava me sentindo em relação a tudo.
por Fernando Siqueira
“Essas músicas, para mim, são mais do que composições. São formas de revisitar partes da minha vida, respostas emocionais e sobre entender o que senti e de encontrar novos significados para isso. Cada escolha – desde manter a versão original de ‘Coisa Rara’ até o remix de ‘Califórnia.’ – têm a ver com aceitar o que já foi, mas também com dar um novo lugar para essas memórias, para que elas possam existir de um jeito mais leve”, explica Siqueira.
Fernando Grostein Andrade comentou sua estreia na música: “Escrever filmes sempre foi parte essencial da minha vida. No entanto, a música e a produção musical representam um novo capítulo para mim, algo que senti como totalmente necessário.
De certa forma, é um retorno às minhas raízes, já que comecei minha carreira com Coração Vagabundo, onde fiz meu primeiro filme sobre Caetano Veloso quando ele lançou seu primeiro álbum em inglês. Foi nesse filme que conheci o maestro Jaques Morelenbaum, que agora toca cello em algumas das nossas faixas, como Califórnia. e também no filme Necklace, onde ele não só aparece como personagem, mas também como autor de vários arranjos. Essa colaboração foi natural, e acabamos gravando um dos discos do álbum duplo de Necklace– um álbum instrumental, com Jaques no cello e eu no piano – que traz músicas meditativas e será lançado em breve. No mundo de hoje, as pessoas não cabem mais em caixas rígidas. Assim como muitos jovens se identificam como queer ou fluidos, sem se limitar a rótulos binários, sinto que minha identidade profissional segue esse mesmo caminho. Sou um cineasta que faz música, um músico que faz cinema. O que me move é essa liberdade criativa – uma expressão que pode transitar entre formas, seja no som ou na imagem, sem se prender a um único formato. ”
Sawyr, responsável pela mix e master do EP, celebrou o projeto: “É uma grande honra fazer parte desse projeto. Eu lutei com a questão da saúde mental a vida toda e acho essa história linda. Eu não poderia estar mais grato por fazer parte disso.”
Com passagem pelo palco do Whisky a Go Go, tradicional casa de shows de Los Angeles, que foi trampolim do The Doors e Guns N’ Roses, a dupla escolheu o Festival do Rio para apresentar ao público mais fases do projeto “Necklace”.
Em parceria com o Festival, a banda se apresenta hoje no Manouche e promove a estreia do filme “Necklace” amanhã, dia 09, às 21h30 no Estação Gávea. O duo levará aos palcos as faixas autorais presentes no longa, que serão lançadas em breve. No dia 24 de outubro, o duo se apresenta em São Paulo, no Bona Casa de Música.
Em Necklace, os artistas buscaram acolhimento para enfrentar questões que deixaram cicatrizes após terem que abandonar o Brasil, devido a ameaças anônimas por assumirem uma relação de amor e explorarem a masculinidade catastrófica de Bolsonaro no documentário “Quebrando Mitos” (2022). O filme-musical, produzido por Lázaro Ramos e Taís Araújo, ainda traz Jaques Morelenbaum como entrevistado, que também contribuiu com as faixas originais do filme, EP e álbum.
Fernando Grostein também é conhecido por seus outros projetos, como “Quebrando o Tabu” (2011), “Encarcerados” (2019), Abe (2019) e outros.
Ficha Técnica
FernandoS
Link do Pre-save: https://ingrv.es/FernandoS
Coisa Rara (Fernando Siqueira)
Produtores: Fernando Grostein Andrade
Arranjadores e Instrumentação:
Jaques Morelenbaum – cello
Daniel Moors – electronic drums and beats
Fernando Grostein Andrade – Electronic Strings
Gibi dos Santos – percussion
Fernando Siqueira – piano
Intérpretes:
Jaques Morelenbaum – cello
Daniel Moors – electronic drums and beats
Gibi dos Santos – percussion
Fernando Siqueira – piano
Fernando Siqueira – backing vocals
Estúdios de Gravação: Cosmic Dog Studios
Engenheiros de Som:
TJ Sawyrr (Mix and Master)
Daniel Moors (Recording and Mix)
10 Years From Now (Fernando Siqueira)
Produtores: Fernando Grostein Andrade
Arranjadores, Instrumentação e Intérprete:
Fernando Siqueira – Violão
Estúdios de Gravação: Foi gravada em um Manguezal na Bahia
Engenheiros de Som:
TJ Sawyrr (Mix and Master)
Fernando Grostein Andrade (Captação)
Daniel Moors (Captação)
Califórnia. (Fernando Siqueira)
Produtores: Fernando Grostein Andrade
Arranjadores e Instrumentação:
Jaques Morelenbaum – cello
Adriana Holtz – Cello
Victor Kroner – Violão
Ivan Marcio – Gaita
Gibi dos Santos – Percussão
Intérpretes:
Jaques Morelenbaum – cello
Adriana Holtz – Cello
Victor Kroner – Violão
Ivan Marcio – Gaita
Gibi dos Santos – Percussão
Fernando Siqueira – backing vocals
Estúdios de Gravação: Cosmic Dog Studios, Space Blues
Engenheiros de Som:
TJ Sawyrr (Mix and Master)
Daniel Moors (Recording and Mix)
Califórnia. – Marina Diniz Remix (Fernando Siqueira)
Produtores: Marina Diniz, Fernando Grostein Andrade
Arranjadores e Instrumentação:Marina Diniz
Intérpretes: Marina Diniz
Estúdios de Gravação: Cosmic Dog Studios, Space Blues
Engenheiros de Som:
TJ Sawyrr (Mix and Master)
Marina Diniz (recording)
Daniel Moors (Recording and Mix)
Assessoria de Imprensa | FernandoS
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Heitor Ribeiro | heitor@perfexx.com.br