Escute a partir das 21h desta quinta (09/10): https://zaynara.lnk.to/
Novo fenômeno da música brasileira, Zaynara não chegou de mansinho nesse mundo da música, como se pedisse licença. Pelo contrário. Visceral, potente e criadora de uma identidade própria, a cantora e compositora paraense faz parte de uma nova geração que desafia rótulos. Cria novos gêneros, reinventa os antigos, ressignifica os códigos. Queria deixar sua marca — ser uma artista que contribui com uma nova linguagem. Foi assim que nasceu o beat melody, seu estilo — mais do que um gênero, uma síntese de vivências musicais.
Inspirada por grandes intérpretes e movida por seu desejo de contar histórias com profundidade, criou uma sonoridade híbrida, que mistura o tecnobrega com o pop, o drama das baladas românticas com a pulsação dos sintetizadores. Sua música carrega a coragem de quem veio da margem, mas que quer transpor rios, cidades, fronteiras. Ela não se contenta em ser chamada de “artista regional” — porque sua música é feita na Amazônia, sim, mas carrega ambição e força de música nacional.
Zaynara sempre foi fascinada por vocalistas. As divas. As intérpretes potentes. E, com o tempo, foi entendendo que também podia ocupar esse lugar. Não só como voz, mas como compositora, produtora de ideias, pensadora de som e imagem. Sua arte se tornou mais consciente, mais madura, mais dela.
Ela começou com um disco de regravações de suas referências do brega; ganhou força autoral no primeiro álbum de estúdio, ‘É Beat Melody’; e agora se consolida, com o segundo álbum, ‘Amor Perene’, lançado pela Sony Music Brasil nas plataformas de streaming. O novo trabalho também investe em um projeto audiovisual contundente, já que as canções inspiram videoclipes que levam a assinatura visual estilizada da Altar Sonoro, parceria da artista.
Se o primeiro disco foi um mergulho nas referências, um espelho multifacetado das sonoridades que moldaram sua formação, ‘Amor Perene’ finca sua identidade musical em bases ainda mais sólidas. Nele, Zaynara canta, escreve, conduz, arrisca. Traz letras mais íntimas, vocais mais ousados.
O álbum tem um fio condutor claro: o amor. Mas um amor que segue o percurso de um rio. Que sobe, desce, seca, enche — mas que nunca deixa de correr. Esse rio, explica Zaynara, é metáfora do amor que ela deseja celebrar: o amor que permanece, que resiste às secas e transborda nas cheias.
“Assim como os rios perenes, que seguem mesmo quando quase somem, o amor próprio também precisa ser constante. O disco fala sobre isso. Sobre aprender a se cuidar mesmo quando tudo parece faltar.”
A história do álbum é contada em capítulos — canções que se conectam, se completam, formam um ciclo. Em março, a artista apresentou o primeiro deles, o single ‘Perfume da Bôta, uma faixa poderosa, de levada latina e atmosfera grandiosa, inspirada em sonoridades que marcaram sua infância no Pará, como o clássico ‘Homem Perfeito’, da banda Calypso. Uma música que já anunciava o tom do que viria: corpo, presença, afirmação.
Em julho, foi a vez de ‘Aceita Meu Tchau’, que ganhou clipe gravado em Recife e a participação especial de Raphaela Santos, ícone do brega pernambucano. Uma parceria simbólica entre duas potências do Nordeste e do Norte, costurando territórios pela música e pelo afeto. Em setembro, lançou a intensa ‘Eu Não Gosto de Errar’, faixa marcada por um lirismo cru e arranjos dramáticos, que mostram Zaynara em seu momento mais vulnerável — e talvez mais verdadeiro.
No mesmo mês, ela foi um dos nomes da segunda edição do festival The Town, dividindo o palco com lendas como Joelma, Dona Onete e Gaby Amarantos — uma celebração da música amazônica e da força de suas artistas.
Vasto cardápio
Produzido por Márcio Arantes, ‘Amor Perene’ é uma história de amor, com começo, meio e fim – e aberturas com novos recomeços –, com todas as nuances e as contradições que um relacionamento amoroso carrega. Não é o amor idealizado — mas o amor vivido, o que falha, o que marca, o que eleva e machuca. Tudo isso embalado numa sonoridade que nasceu às margens de um rio, mas que quer reverberar no centro, nos palcos, nas pistas.
Ela mistura o brega com o technomelody, o arrocha com beats eletrônicos, a cultura popular com visualidades contemporâneas. Sua arte é a música e a dança, mas também identidade. É festa, mas também discurso. Sua voz carrega o que muitas vozes do Norte sempre quiseram dizer: Estamos aqui, fazendo música de ponta, com estética, com conceito, com presença.
“O conceito do álbum nasceu da minha relação com os rios”, ela conta. “Eu nasci, cresci e moro na beira do rio. Quis falar sobre isso, sobre esse rio que nunca para de correr, mesmo com as cheias e as secas — igual ao amor, igual ao cuidado com a gente mesma.”
‘Amor Perene’ é sobre esse movimento: o que vem, o que vai, o que permanece. Uma narrativa viva, que pulsa, flui, muda de forma — mas nunca perde a correnteza.
A saga do amor que enche e esvazia, das chegadas e partidas, dos altos e baixos começa em ‘Amazônia Menu’, para mostrar o vasto ‘cardápio’ local, com as riquezas culturais e sonoras. Mas, diante de tantas opções, a gata namoradeira só vai “levar tu”. É uma música quente, dançante, quase didática, apresentando as frutas, os sons, as cores da feira que fica à beira do rio. Tem um ritmo latino, mas com muita cara do Pará, com forte influência do mestre Cupijó, especialmente nos metais que conduzem a faixa. “No finalzinho, o som dos metais é todo dele. Eu amo essa música, ela é muito bonita e envolvente. E tem esse momento em que eu começo a falar de amor, eu tenho tanta coisa, mas só quero você. Hoje eu só vou levar você”, diz ela.
Em ‘Águas Rasas’, Zaynara começa a se entregar mais emocionalmente. “Antes de ‘Amazônia Menu’, eu já tinha me frustrado uma vez. Agora estou nesse momento de me deixar viver. Nessa música, falo que nos seus braços eu me sinto em casa, nos teus olhos me enxerguei. É o começo da minha navegação nesse rio, de me entregar.”
Chega, então, ‘Ai, Ai, Ai’, música bem dançante, bem beat melody, com uma guitarra marcante feita pelo Manoel Cordeiro. “Ele é um grande guitarrista e produtor do Pará, que trouxe essa cara da guitarra para a faixa”, observa ela. “A música é uma bachata quente, que lembra o movimento do rio — para mim, o rio dança, se movimenta, e essa música traz essa sensação.” A letra também reforça essa dança: “Mão na minha cintura como quem diz: Vou te tirar para dançar.” Para Zaynara, ‘Ai, Ai, Ai’ é uma dor que vira dança, um movimento que expressa emoções profundas.
‘Eu Me Enganei’ é uma música que surpreende pela leveza, apesar do título parecer triste. “A gente pensa: ‘Poxa, eu me enganei, me lasquei’, mas ela não é bem assim.” A canção começa com um ritmo pop, quase reggaeton, que vai crescendo e se transforma em beat melody. “A letra fala sobre entrar numa relação achando que não era nada sério, que ia ser tranquilo, mas acabou ficando mais intenso do que eu imaginava. É uma surpresa, um amadurecimento. Eu gostei muito desse contraste entre o nome e o conteúdo.”
O álbum chega ao ápice em ‘Amor Perene’. “Essa música dá título ao disco e é a mais romântica de todas. Eu coloquei a data de 21 de fevereiro na letra, porque é o aniversário da minha mãe, e gravei a música justamente nesse dia, o que para mim tem um significado muito especial”, revela. “É uma canção que fala sobre um amor já estabelecido, uma entrega total — eu já mergulhei nesse rio, já estou submersa nele. É um convite para esse amor constante, profundo, que vem para ficar.”
Depois de ‘Amor Perene’, Zaynara convida a um mergulho mais profundo em uma faixa que traz uma nova camada para essa narrativa do rio e do amor: ‘5 Estrelas’, com participação de Tierry. Essa música é um momento de desabafo, quase como uma conversa íntima, onde ela narra a frustração, as dores e as pequenas vitórias de tentar seguir em frente. “Eu decidi dar cinco estrelas para o motorista só porque ele me ouviu, porque ele era um queridíssimo”, diz. É um misto de humor e melancolia, um diálogo que é ao mesmo tempo leve e profundo. É a faixa foco do álbum, que marca o momento em que ela realmente percebe o peso do que está vivendo.
Em seguida, vem ‘Eu Não Gosto de Errar’, que traz um sentimento muito real e dolorido. Ela descreve esse momento em que a gente percebe, um pouco tarde, que errou, que devia ter saído antes, mas não saiu. “Não há dose de gin que apague esse gosto ruim entre nós, só dói”. A música é carregada de drama, com um violino que acentua essa sensação de melancolia e autocrítica. “Eu sou muito dramática para escrever, e essa música pedia esse drama”, ela comenta. A letra é uma reflexão honesta sobre os erros que a gente comete em relacionamentos e, mais importante, sobre a necessidade de se perdoar. Porque amor perene também é isso: “errando e se acolhendo”.
Depois, em ‘Se Vira Aí’, temos um outro tipo de drama — dessa vez direcionado para o outro. A música tem uma orquestração que cresce e dá peso a esse recado firme: “Primeiramente apague nossas fotos”. É o momento do rompimento definitivo, do cansaço que levou a uma decisão clara. É como uma orquestra dramática e ao mesmo tempo um suspiro de alívio, como quem diz: “Eu já cansei, se vira aí”.
Na sequência, ‘Aceita o Meu Tchau’ traz um momento de confronto e aceitação. Com feat de Raphaela Santos, uma grande voz do brega pernambucano, essa faixa é uma mistura de sentimentos e estilos, reforçando a ideia de que não dá para voltar no tempo e que, às vezes, é preciso simplesmente aceitar o fim. “Ninguém entra duas vezes no mesmo rio, nem volta o mesmo para o mesmo amor”, ela diz, capturando aquela sensação de que as relações mudam, e não há como voltar. Mas, mesmo na despedida, há uma certa resistência: “Aceita meu tchau pelo amor de nós dois”, implora a letra, mostrando a complexidade dos fins.
E para fechar essa jornada, a canção ‘Perfume da Bôta’ carrega toda a energia para o que vem depois. Para o renascimento. “Já passou tudo isso, já estou pronta para ser poderosa”, resume. A sonoridade é latino-Pará, com metais, instrumentos que fazem a música crescer e lembrar a vibe contagiante de ‘Homem Perfeito’, da banda Calypso, uma referência declarada. Essa faixa é o perfume que marca a saída do rio, um cheiro forte de força e coragem para viver o que vier. “É como um símbolo de estar pronta para tudo”, conclui Zaynara.
Trajetória
Zaynara Damasceno Cruz, ou simplesmente Zaynara, nasceu onde a música é rio — e corre nas veias. Filha de um baterista e neta de um músico que presenteou os filhos com uma banda como forma de futuro, ela cresceu cercada de instrumentos, ensaios, festas de vila e sonhos embalados por barcos. Em Porto Grande, uma vila no interior de Cametá — que por sua vez já é interior do Pará — a música é algo tão natural quanto o cheiro da chuva ou o som do rio.
A banda da família, Os Invencíveis, existe desde os anos 60 e segue na ativa. Uma das mais antigas da região, atravessa gerações como uma verdadeira escola de persistência – e resistência – musical. Virou também sua primeira porta de entrada para a música, quando tinha apenas 8 anos.
E foi ali, entre festividades populares e longas viagens por rios e ilhas em embarcações carregadas de músicos e equipamentos, que Zaynara entendeu: ela fazia parte de uma linhagem. Uma família que não apenas toca — constrói todo um ecossistema através do som.
Ela acompanhava tudo. Do ensaio à escolha do figurino, da montagem do palco à dança ensaiada. Era nos bastidores que seu encantamento florescia. E foi dali que brotou o desejo: não apenas de cantar, mas de viver da arte com tudo o que ela tem de magia, esforço, desafios e beleza.
Zaynara nunca foi tímida diante da arte. Se havia palco, ela subia. Se havia plateia, ela cantava. A timidez, quando existia, era silenciosa no cotidiano — nunca quando a música chamava.
Ainda muito nova, sua voz ecoava por escolas, igrejas, festas e cursinhos. Cada canto virava palco. Se a ocasião era religiosa, cantava louvores com devoção. Se a vibe era dançante, abria espaço para a Companhia do Calypso a reinar. Improvisava letras, ensaiava coreografias, distribuía CDs caseiros depois das apresentações. Era uma artista em formação — incansável, curiosa, encantada.
Novos caminhos
Ao terminar o ensino médio, Zaynara já sabia: queria viver de música. Mas em casa, arte e educação sempre andaram juntas. Sua mãe — professora e pedagoga — fazia questão de valorizar o estudo. Era um acordo silencioso: para voar, também era preciso criar base.
Zaynara escolheu Nutrição, mesmo sabendo que não era sua vocação. Mas foi estratégica: o curso não existia em Cametá, então precisaria se mudar para Belém. E Belém era o lugar onde ela sentia que as coisas poderiam acontecer. Na cabeça dela, a mudança abriria caminhos. E abriu.
Em 2019, foi para a capital, onde começou a construir os alicerces da sua carreira. Enquanto estudava, lançou seu primeiro CD, ‘Simplesmente Diferente’, uma compilação de regravações em ritmo de brega — um trabalho que alcançou boa repercussão local. Aos poucos, mais shows começaram a surgir. Mas também surgiu o conflito: música ou faculdade?
Sua mãe foi firme. Primeiro a graduação, depois os palcos. E ela respeitou.
Foi em um vilarejo afastado que Zaynara fez seu primeiro show solo. O palco improvisado, o equipamento emprestado, o sapato colado com cola quente. Cada música era seguida de uma garrafinha de água — e de uma sensação nova: o gosto de estar inteira ali.
Esse momento marcou uma virada. Vieram mais apresentações, composições e uma vontade cada vez mais urgente de viver da arte. No mesmo período, um convite abalou seu coração: integrar a lendária Companhia do Calypso, um dos grupos que marcaram sua infância. O sim parecia óbvio, mas não foi possível. Ainda menor de idade, e recém-chegada à faculdade, Zaynara teve que recusar. Sua mãe não permitiu. Ela chorou. Mas entendeu.
Veio a pandemia, o mundo parou, e ela mergulhou ainda mais fundo na criação. Ao lado do Bispo Júnior, começou a construir uma sonoridade que misturava o brega, o technomelody, o arrocha e os ritmos amazônicos com batidas eletrônicas e estética pop. Dali nasceu o beat melody — um som híbrido, potente, dançante, com DNA do Norte e visão de Brasil.
Músicas como ‘Quem Manda em Mim’ e ‘A Destruidora’ já estavam ali, compostas, guardadas. Prontas para quando o mundo voltasse a girar. E ele voltou. Em 2022, ela lançou o primeiro álbum de estúdio, ‘É Beat Melody’, registrando, como um documento, da gênese que ela cunhou a partir de um caldeirão de referências absorvidas de dentro e de fora de sua terra – e do qual ela tem orgulho de ser percursora, mesmo que tão jovem ainda.
Mais do que um gênero, o Beat Melody é uma fusão de vivências. É o reflexo de uma artista que cresceu ao som do brega, do calypso, da guitarrada e do siriá — e que, ao mesmo tempo, ouvia Scorpions por influência do pai e que descobriu por conta própria RBD e Selena Quintanilla. É uma música que carrega o Norte, mas que dialoga com o mundo.
Olhares – e ouvidos – voltarem-se para sua música que fugia do óbvio, trazia frescor, tinha ritmo de renovação. Suas antecessoras, ícones paraenses como Dona Onete, Gaby Amarantos e Joelma, ganhavam naquele momento uma representante da nova geração à altura delas – que abriram os caminhos que ainda não são tão fáceis de atravessar. Zaynara conquistava seu reconhecimento regionalmente, mas já dando os primeiros passos para sua projeção nacional.
Contrato com a Sony Music Brasil
O ápice dessa travessia aconteceu em julho de 2024, quando ela assinou contrato com a Sony Music Brasil, marcando um importante na sua carreira.
Ainda no ano passado, Zaynara lançou singles que conquistaram o público e ampliaram sua visibilidade, como “Sou do Norte”, um dos maiores sucessos da carreira; a nova versão da deliciosa “Quem Manda em Mim”, ao lado da drag queen Pabllo Vittar (a música havia projetado a artista nacionalmente com uma performance no Festival Psica, em 2023); e “Aquele Alguém”, com a cantora Joelma, ícone da música paraense e considerada hoje uma verdadeira “madrinha artística” da jovem cantora. A aproximação entre ela e Joelma veio da paixão compartilhada pela música paraense, fortalecendo uma parceria que tem conquistado muitos fãs.
O sucesso nas redes sociais também em 2024 consolidou a artista como uma das principais revelações do ano. Essa trajetória foi coroada em dezembro de 2024, quando Zaynara recebeu o prêmio de Artista Revelação do Ano no Prêmio Multishow de Música Brasileira.
Em 2025, Zaynara segue sua jornada com o lançamento de seu segundo disco, ‘Amor Perene’, em que conta com feats especiais, como Tierry e Raphaela Santos. Com uma trajetória marcada por parcerias importantes, uma identidade musical potente e única, e a capacidade de dialogar com o Brasil inteiro, ela reafirma seu papel como uma das vozes emergentes mais potentes da música contemporânea nacional.
Por Adriana Del Ré
Assessoria de Imprensa – Sony Music
Ana Paula Aschenbach – anapaula@perfexx.com.br
Lucas Damião – lucas@perfexx.com.br
Mariana Ghetti – mariana.ghetti@sonymusic.com